- Autoria do escritor Ricardo Reys (30/11/2014).
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CLÁSSICO
Clássico é um algo atemporal. Alguma coisa que não se dilui com o tempo, nem que se deixa afetar por ele. Uma presença que se mantém imutável, carismática e tão eficiente como sempre foi.
Num campo tão complexo e dependente como a arte, ser clássico é um desafio. Não somente em se caracterizar acertadamente, mas também, em ainda mais precisamente estabelecer um vínculo com o público.
Mas qual o público do clássico? Ora, um público que não se restringe a faixas etárias, um que assimile tão bem sua mensagem - por esta também ser eficientíssima -, que não a deixe se dissipar na memória e no tempo, carregando-a até o decorrer dos anos. Até por isso mesmo, um que se estende das crianças aos adultos, dos pobres aos ricos, sem demarcação geográfica, sem distinções de credo ou demais características.
Ser clássico é um desafio. Talvez, o maior. Pois o tempo é implacável. A cada ano, moldando os gostos e tendências da sociedade, suas prioridades e relações com o mundo, e também o jeito e o processo de se produzir cultura, bem como seu resultado final.
É preciso ser um gênio para vencer isso. Alguém tão implacável quanto ele, que usufrua das suas mesmas armas e que, justamente por isso, o molde, anulando-o bem como seus efeitos, pelo menos na obra o qual criou, tornando-a assim duradoura, marcante... Tornando-a clássica.
Roberto Bolaños é um gênio. Independente de se gostar ou não de sua obra, é preciso reconhecer que venceu o tempo. Pois ele foi implacável, moldando os gostos e tendências da sociedade, suas prioridades e relações com o mundo, e também o jeito e o processo de se produzir cultura, bem como seu resultado final.
Roberto Bolaños foi o tempo. E ainda é.